quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O Livro e a Vida

O livro e a vida

 

Quem dera a vida fosse um livro

Os personagens estariam aprisionados nas páginas brancas e de lá não sairiam falas, verdades, mentiras lágrimas e todas emoções dos encontros e desencontros de cada dia. As ideias seriam separadas por pontos, virgulas e todas as regras que a boa gramática e as normas de estilos que são passadas pelos mestres e sabedores da escrita planejada. O bom texto tem um planejamento, ou quando não, tem o desfecho amarrado no discurso possível, palatável, agradável a pena de quem escreve e aos olhos de quem lê.

Mas a vida é real

Nela o improvável tem vez, o desagradável tem voz, e a voz ressalta não só para os ouvidos, mas para a pele, para os olhos, até chegar ao coração, seja por que caminho ela escolha. Na vida tanto vale o brilho como a escuridão, o grito quanto o sussurro, o amor e a indiferença. Na vida as páginas são para sempre, as linhas nunca acabam e as vírgulas não separam nada, os pontos são enormes e as palavras valem por toda ela, a vida.

A vida é antes de tudo a manifestação maior do amor, e por isso mesmo, do amor não se tem como esquivar, não há como fugir, e se acaso alguém tentar apartar da vida essa sua gênese, ele arrebentará e se fará expressar de forma poderosa repetindo com mais e mais força. Eis-me aqui vida, vim lhe mostrar de onde viestes e do que és feita, de mim, que não tenho fim e que sempre estarei aqui.

Só os vivos escrevem livros, o vento pode até virar as páginas, mas só olhos atentos poderão ler.

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